Louco por ti
Zé gosta e procura compreender o que se vai passando consigo. Foi isso que o levou, a partir de certa altura, a escrever o que sentia por ela, como via a relação que mantinham e o que desejava dela.
31
Dez 05

bola de cristal.jpg
Espero que o novo ano permita a concretização dos melhores sonhos de cada um.

publicado por jmartinsdocabo às 19:29
31
Dez 05

Terralva, 31 de Dezembro

Foi tão bom ter conseguido contactar-te e desejar-te um bom, um óptimo ano novo! De facto desejo que o novo ano te traga tudo o que mais desejas.
Naturalmente que quero, que espero que dentro de tudo o que mais desejas esteja eu também. Mas mesmo que assim não seja, espero que o novo ano te traga tudo o que mais desejas, que consigas o que te possa realizar em todos os campos.
Ao estar enamorado de ti, apaixonado por ti, é natural que tenha expectativas, desejos egoístas, isto é, que espere que a tua felicidade seja alcançada comigo. Isso é o que mais desejo. Mas, porque te amo muito, porque gosto muito de ti, se isso não for possível, quero, na mesma, que alcances a tua felicidade.
Como te disse, sê feliz se fores capaz!
Desejo-te tanto! Vivo na expectativa de me poder encontrar contigo, de poder ver-te, olhar para ti e tentar conhecer-te melhor, entrar na tua intimidade, apreciar esses olhos bonitos, esse olhar lindo, esse sorriso que me deixa, cada vez mais, louco, louco por ti.
Quero-te cada vez com mais força, cada vez sinto mais que só contigo me sentirei feliz, porque é de ti que sinto falta, é a ti que quero conhecer melhor, é contigo que me apetece estar, conversar, olhar, tocar, sentir.
É contigo que me apetece partilhar a vida, as coisas boas, naturalmente, mas também os problemas, as dificuldades, os obstáculos.
Sinto que contigo poderei, poderemos encontrar as energias, as soluções, as capacidades para resolver os problemas e encontrar os caminhos da felicidade.
Não sei quanto tempo este estado vai durar. Só sei que quero experimentar a felicidade contigo. Estou convicto de que vai ser muito bonito, muito gratificante.
Deixa-me amar-te, deixa-me fazer-te feliz. Vais ver que vale a pena. Não tenhas medo de ser feliz. A vida pode ser tão bonita! Para isso temos de ter predisposição, temos de arriscar, temos de avançar.
Só quero ser feliz contigo, só quero fazer-te feliz. Vou conseguir se tu deixares.
Não suporto mais a tua indecisão, as tuas dúvidas, os teus receios. Deixa-me fazer-te feliz. Somos capazes de subir montanhas. Porque esperamos?!
Até breve. Amo-te!
publicado por jmartinsdocabo às 13:44
30
Dez 05

Terralva, 30 de Dezembro

Ao cruzar-me contigo e aperceber-me de que eras tu fiquei perturbado. Saber-te cá, aqui próximo de mim, num período de disponibilidade profissional, e não te poder chegar, não poder estar contigo, faz-me sofrer muito.
Enfim, é o reverso da medalha. Ter-me enamorado de ti, ter-me apaixonado por ti, gostar de ti, é gratificante, é gostoso, faz-me sentir bem. Não te ter, estando tão próximos e disponíveis, faz-me sofrer.
Gostei muito de falar contigo, nas últimas duas vezes que falámos pelo telefone. Receei telefonar-te, rompendo o que tinha prometido. Fiquei muito contente ao perceber que também querias que telefonasse, que ficaste igualmente satisfeita, embora continues a resistir e não te queiras entregar, conforme te aconselham os teus sentimentos e desejos. Mas foi muito bom perceber que admites, cada vez mais, que poderá acontecer a consumação de uma relação total entre nós, que te vais sentindo tentada a que isso aconteça.
Ainda bem que assim é, e espero e tudo farei para que isso aconteça, que te decidas a experimentar uma relação comigo, a entregares-te sem restrições a essa experiência.
Espero que tal aconteça não só por isso significar que te consegui conquistar mas, fundamentalmente, por achar que isso será bom para ambos, que será uma relação única, intensa, gratificante, que satisfará os nossos maiores desejos, que nos ajudará a crescer, a descobrirmo-nos, a cada um por si, ao outro, e a tudo o que nos atrai, nos aproxima, nos liga, nos realiza, nos permite experimentar a felicidade.
Quero tanto que isso aconteça, e que aconteça quanto antes! Quero que isso aconteça de forma a aproveitarmos o máximo, em tempo e em intensidade. Por mim, cada dia que passa é um dia perdido. Não quero contentar-me com o razoável quando posso, quando podemos ter o máximo.
Aceita ser minha, que eu já sou teu. Espero poder fazer-te feliz em breve.
Há tanta coisa que podemos fazer juntos, um com o outro. Experimentar coisas novas e coisas velhas sentidas e vividas de maneira diferente.
publicado por jmartinsdocabo às 22:09
26
Dez 05

Terralva, 26 de Dezembro

Se calhar tens razão. Se calhar é melhor parar enquanto é tempo, e tu pareces estares ainda a tempo de tomares decisões racionais.
Não é fácil assumir isso e, menos ainda, dizê-lo ou escrevê-lo, como o tenho feito, como o estou a fazer mais uma vez.
Para mim não é melhor, certamente. O estrago está feito. Deixei-me enfeitiçar por ti, não ofereci resistência, fiquei encantado, entrei em roda livre, enamorei-me e apaixonei-me por ti. E agora que também tu começavas a entrar na onda, a sentir algo de semelhante ao que eu já sinto, terei de abandonar a conquista. E logo eu que sou guerreiro...
Terá mesmo que ser assim? Não queres mesmo viver uma experiência única, intensa, louca, inolvidável? Estou certo que seria (será?) tudo isso. Não só para mim, nunca o poderia ser, mas para ambos. A vida é demasiado cinzenta para que se deva desaproveitar as oportunidades que nos surgem de viver experiências gratificantes. Elas nem sempre aparecem. Eu continuo a pensar que vale a pena aproveitá-las...
Mas eu sou louco, estou louco por ti. Acordo a pensar em ti, várias vezes por dia penso em ti, vou para a cama e deixo-me dormir a pensar em ti.
Penso nas nossas conversas, tão interessantes, e, muitas vezes, tão gostosas. Penso no teu olhar brilhante, no teu sorriso lindo, nas tuas gargalhadas bem dispostas.
Penso nos afagos que te tenho feito na cabeça, no meter os dedos pelos teus belos cabelos, no tocar-te ao de leve na tua face, nos beijinhos que te tenho dado na testa, nos olhos, na face, no pescoço, nas orelhas, nos ombros... Penso nos abraços apertados, que fazem sentir-te minha.
Penso como é bom pegar-te ao colo, como se fosses a minha menina, a minha amante. Penso nas loucuras que me apetece fazer contigo, provavelmente ridículas, mas tão lindas para quem se sente criança de tão apaixonado que está, como eu. Penso, ou melhor, imagino tudo o que gostaria de fazer contigo, nos mais pequenos pormenores, como se os estivesse a experimentar, a viver.
Enfim, pensamentos, loucuras de quem está louco por ti.
Estou consciente de todas as dificuldades que o desenvolvimento de uma relação entre nós traria. Mas para um guerreiro as dificuldades também são desafios que aguçam o desejo de conquista.
É um multilema. Será resolvido de acordo com a vontade de ambos. Nada pode acontecer por vontade de um só.
Se concluíres que o teu caminho, mesmo que temporariamente, não deve cruzar-se comigo aceita o desafio de passarmos, pelo menos, um dia juntos. Estou certo de que não te arrependerás.
Até sempre.
publicado por jmartinsdocabo às 11:54
26
Dez 05

Terralva, 25 de Dezembro

Está a acabar o Natal. São, precisamente, vinte e quatro horas. Tenho estado a folhear um livro intitulado “Como manter o casamento” e encontrei algumas ideias interessantes, que quero partilhar, reflectir e discutir contigo.
“Apaixonamo-nos por determinada pessoa porque pensamos que ela preenche melhor os nossos desejos e necessidades”. Concordo com isto. Acho que é por isto que me apaixonei por ti, porque acho que preenches bem as minhas necessidades de companhia, por a tua presença física me ser muito agradável, a tua inteligência estimulante, as tuas capacidade de diálogo e diversidade de interesses enriquecedoras, a procura e descoberta de novos estímulos a todos os níveis desafiadores, e por estar convencido de que podes, se quiseres, satisfazer os meus desejos mais profundos, incluindo a nível sexual.
“O amor nasce da convicção de que o nosso companheiro irá satisfazer os nossos interesses”. Efectivamente, o relacionamento que temos mantido fez nascer em mim essa convicção, designadamente a de ter uma relação forte contigo, em que haja grande vontade de namorar, de partilhar caminhos, descobertas, aventuras, intimidade.
“O sentimento de gostar de estar com o seu melhor amigo é a garantia de ter feito uma escolha acertada”. É isto que eu sinto quando estou contigo.
Diz ainda o autor do referido livro que: “Se vão jantar fora juntos e conseguem manter uma conversa animada durante toda a refeição eu diria que vocês apreciam a companhia um do outro”. Não é isto que acontece sempre que saímos juntos?
“Os verdadeiros amantes são também verdadeiros amigos”. Não somos já verdadeiros amigos?
“Amo-te deve exprimir um pensamento espontâneo, um sentimento repentinamente tão forte que só pode ser expresso por palavras”. É isto mesmo que me tem levado a dizer-te e a escrever que te amo.
É certo que tudo isto é necessário, mas pode não ser suficiente para manter um “casamento”, porque pode haver mais pessoas que preencham essas condições e não é por isso que “casamos” com todas elas.
Mas há que não esquecer o momento, a simultaneidade dos sentimentos de duas pessoas e a oportunidade em que tal acontece. Com certeza que há muitas pessoas que podem preencher os nossos desejos e necessidades, por isso nos podemos apaixonar várias vezes. Mas não devemos partir do princípio que isso irá acontecer e, por isso, desperdiçarmos as oportunidades que nos surgem ou que criamos. É essa a minha forma de encarar a vida, procurando aproveitar da melhor maneira que posso e sei, com total entrega, as oportunidades que surgem de me apaixonar.
Por isso repito, e apetecia-me gritar-te, que te amo, que estou apaixonado por ti, mesmo que isso signifique que estou louco, porque efectivamente me sinto louco por ti.
Até sempre, mesmo que isso signifique nunca mais...
publicado por jmartinsdocabo às 11:53
24
Dez 05

Cá estou de novo a tentar comunicar contigo. Estou a fazer um esforço enorme para não te ligar a desejar bom Natal. É o confronto entre o prometido – não te ligar, e o que me apetece fazer – ligar-te, para te ouvir e poder falar contigo. É o eterno dilema entre o que nos apetece fazer e o que devemos fazer. Vou continuar a resistir à tentação, cumprindo o prometido, mesmo com muitas dúvidas se é esse o caminho a seguir...
Pois é, tens-me à disposição e isso não me faz sentir mal. Sabes porquê? – Porque mereces isso e muito mais. Eu é que talvez não te mereça, paciência.
É claro que as coisas não se colocam assim. Não é, não deve ser por merecimento que as pessoas se enamoram, se apaixonam. Ou existe química (atracção física, sexual, afectos, sentimentos,...) que aproxima, atrai, liga, aperta as pessoas, ou não há razão, por mais razoável que pareça, que garanta relação minimamente satisfatória.
Continuas sempre (cada vez mais?) presente. Estou só fisicamente, mas tenho-te aqui comigo. É claro que não há nada que substitua a tua presença física. A tua figura, a tua beleza, a tua alegria, a tua força, o teu sorriso, a tua inteligência, a tua capacidade de diálogo, o teu olhar (mesmo quando me dizes para não olhar) são insubstituíveis, são tão gratificantes, rejuvenescedores. Quem me dera que estivesses aqui, agora, inteira, não apenas em espírito. Mas é assim que estás e isso já é muito bom...
É bom saber que existes, que és tal como és, que me cruzei contigo, que tive a oportunidade de te conhecer, ainda que pouco, porque te tens reservado muito, te tens, em muitos casos e relativamente a muitas coisas, escusado a mostrares-te como és, verdadeiramente.
Sei que não és uma santa, que não tens a perfeição que vejo em ti, mas és tu, tal como eu te conheço, de quem me deixei atrair, de quem me sinto enamorado e, loucamente, apaixonado.
Mesmo que o melhor para ti não passe por mim, como te tentas convencer, foi bom ter-te encontrado e não me arrependo de me ter deixado entrar em roda livre, de forma a ficar apanhado como estou. Foi, é bom, é gostoso, faz-me sentir vivo, com todas as minhas capacidades mais activas. Isso é incontornável, é irreversível, é gostoso, é, mesmo, uma gostosura.
Enfim, é noite de Natal, vou até à fogueira comunal partilhar um pouco do espírito natalício com o meu Povo...
Tu continuas comigo.
Bom Natal e sê feliz se fores capaz!
Por mim vou continuar a enfrentar a vida de uma forma autêntica e espontânea, procurando dar o melhor de mim em todas as situações, designadamente quando me envolvo com os outros.
AMO-TE!
publicado por jmartinsdocabo às 17:41
18
Dez 05

Despedirmo-nos, como ontem fizemos, não é fácil. Dizer: “vai, vai à procura da tua felicidade”, quando, como é o caso, o que mais desejo é fazer-te feliz, é que consigas ser feliz comigo, nem que seja por breve período, foi abrir um buraco aqui dentro do meu peito. Dói, dói mesmo aqui dentro no buraco que se abriu.
Acabei agora mesmo de ouvir alguém dizer na televisão que “a felicidade não se deseja a ninguém, merece-a quem a conquista”, ou qualquer coisa parecida.
A felicidade, ou melhor, os períodos ou momentos de felicidade conquistam-se. Renunciar à luta por essa conquista quando se sente estarem a ser criadas condições para a alcançar não é fácil (será correcto?), dói mesmo.
Também na televisão, ouvi uma artista conhecida dizer: “não se deixem apenas guiar pela razão, deixem-se também guiar pelo coração”. - Que belo conselho! Porque lhe resistimos? Porque não o seguimos?
Quanto custa resignarmo-nos! É claro que não é estar aqui só, sem nada me apetecer fazer porque não consigo deixar de pensar em ti, que me apetecia fazer. O que me apetece realmente fazer é telefonar-te e gritar-te, com quantas forças tenho: estou louco, estou louco por ti. Amo-te, quero-te, desejo-te. Se sentes algo parecido a isto diz-me. E diz-me também onde estás que eu vou já a correr para ti.
Dá-nos uma oportunidade. Acho que a merecemos.
Não sei se vou ser capaz de me acomodar, de me resignar, de desistir de te tentar conquistar, de deixar de lutar por ti, por nós.
Quero o melhor para ti, como te disse. Parece-me, no entanto, que o melhor para ti, para nós, pelo menos nos próximos tempos, passa por desenvolvermos a relação que estabelecemos entre nós. Não passa por travá-la quando nos está a motivar, a aumentar o gozo de viver a vida, quando sentimos a atracção desenvolver-se entre nós bem como a intimidade que faz crescer e sentirmo-nos, simultaneamente, tão crianças.
Estou triste, mas não sei se vou ser capaz de aguentar a resignação. Não me apetece desistir, não só por mim mas também por ti, por nós.
Espero que não demores a perceber que, malgrado todas as dificuldades que não são mais do que preconceitos, que o caminho que te pode levar a experimentar a felicidade, nos tempos mais próximos, é a meu lado, é comigo.
Não demores. Chama-me para o teu lado ou corre para mim.
Amo-te! Espero que digas o mesmo em breve...
publicado por jmartinsdocabo às 22:53
11
Dez 05

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A lua cheia dá-nos uma energia incrível. Entretanto, em vez de libertarmos essa energia, concentramo-la. Isso faz-nos um mal terrível... perturba-nos, agita-nos, incomoda-nos, deixa-nos com uma enorme insatisfação.
Entre o chão, em que insistimos assentar os pés, mas em que podemos também deitar os corpos, e o céu, com todos os astros a influenciarem-nos e as estrelas a inspirarem-nos, há um espaço infinito cujo único limite é o nosso pensamento. E se dele nos libertássemos, por vezes? E se nos deixássemos guiar apenas pelos nossos instintos, desejos e sentimentos? Não seríamos, nessas alturas, mais felizes? Ou, pelo menos, mais satisfeitos?
Porque insistimos em racionalizar tudo? Não seria tudo mais simples e melhor se soltássemos os animais que também somos?
Há tempo que cortei as peias. Entrei em roda livre... Só sei que estou louco, louco por si... Só sei que me apetece correr para si, estar consigo, falar consigo, olhar para si e sentir-me iluminado, ouvir as suas gargalhadas, ver o brilho no seu olhar lindo, sentir o desejo crescer dentro de mim e perceber como você resiste, com cada vez menos vontade, ao desejo que tanto a perturba e deixa confusa ...
Só sei que estou louco, louco por si e que isso me faz sentir muito bem. Você aconteceu para mim. Foi, está a ser tão bom. Sinto-me a derreter de ternura, só me apetece dizer-lhe coisas doces.
Não sei quanto tempo este estado vai durar. Mas sei que é muito bom. Como me sinto bem com coisas tão pequenas, mas muito boas, como um olhar, um sorriso, um toque, uma palavra! É o sentimento de partilha que se desenvolve, é a intimidade que se abre, é o desejo que desperta, é o enamoramento...
Não sei se vai prosseguir (até onde vão as suas dúvidas, os seus receios?), o que vai acontecer, até onde vão as coisas, quanto tempo vai durar. Nada disso importa. Só interessa que você aconteceu para mim e que já faz parte da minha vida. Pode mais nada acontecer que já valeu a pena termo-nos encontrado.
Mas tudo pode acontecer... sinto-me disponível porque estou louco, louco por si. A loucura é um estado de irresponsabilidade, não se sabe o que se diz nem o que se faz. Ligue apenas ao que quiser, ao que achar que for bom para si.
Estou a escrever o que me apetece dizer-lhe. Sinto-me atraído, enamorado, apaixonado, enfim, louco, louco por si...
E a lua cheia ali à nossa espera.
publicado por jmartinsdocabo às 01:21
10
Dez 05

Ao olhar para ela admirou-se de nunca ter reparado nela como agora estava a fazer.
Ela estava a ver umas provas de iniciação à equitação que decorriam no recinto da feira. Vestia um fato de treino que, ao contrário do que normalmente acontece, lhe realçava as formas.
Admirou-lhe, primeiro, os cabelos, o rabo e as pernas. Estava de costas. Depois, quando ela se virou e se cumprimentaram, ficou encantado com o sorriso aberto e a simpatia que irradiava. Apreciou-lhe, ainda, os olhos claros e bonitos e perturbou-se ao fixar-lhe a boca de uma enorme sensualidade.
Como mais tarde comentou para uns amigos, ela tem tudo no sítio, é perfeita. Havia, é claro, nessa afirmação, uma boa dose de exagero resultante da atracção que aquela jovem mulher começara a exercer nele. Não mais parou de pensar nela.
Zé, o protagonista desta história, já tinha tido alguns amores e muitas paixões, estas vividas sempre com enorme intensidade.
Costuma, mesmo, dizer que não se importa de trocar uns anos de vida por uma paixão, por menos duradoira que seja. Quando se está apaixonado tudo é mais bonito, mais intenso, vão-se buscar forças que se desconhecia existirem, há uma outra disponibilidade para a vida e para enfrentar os seus desafios, tudo passa a ter uma importância relativa diferente.
Ele é uma pessoa intensa e apaixonada, que sente atracção pelo desconhecido e se apresenta geralmente envolvido numa auréola de mistério, o que suscita o interesse entre as mulheres. Algumas desejam-no e disputam-no. Ele duvida sempre do interesse que dizem despertar nelas.
Ele é um missionário que se dedica às missões, que aceita cumprir, de alma e coração. Sente-se bem quando pode contribuir e ajudar nalguma coisa que possa ser útil aos outros. Acredita e valoriza o bem comum e a solidariedade entre as pessoas. A vida é vista por ele como um campo de batalha, no qual precisa de provar o seu valor, ultrapassando os diversos obstáculos que se deparam no caminho. Enfrenta a vida de uma forma autêntica e espontânea, procurando dar o melhor de si em todas as situações.
Há uns anos atrás, aceitou uma missão, considerada por muitos, quase impossível, numa vila do seu querido Alentejo.
O Alentejo, para ele, não é apenas a região onde nasceu e sempre viveu. Nunca esteve fora da região mais de um mês e, mesmo assim, foram raros os períodos tão longos que esteve fora. Sente-se parte integrante do Alentejo. As poucas tentativas que fez para viver fora da região foram imediatamente goradas. Fora do Alentejo sente claustrofobia.
Mas, como dizíamos, aceitou aquela missão quase impossível, sem vacilar. Foi acolhido muito bem pelos residentes e, rapidamente se transformou num dos seus. Impôs-se pela sua bondade, pelo tratamento igual que a todos dava, pela disponibilidade que manifestava, pela dedicação à causa que evidenciava. Muitos disputavam a sua presença e companhia. A todos procurava chegar, satisfazer, atender.
Entusiasta, optimista e progressista, ele sabe confiar em si, atraindo assim a estima dos outros. A sua natureza afectiva e generosa confere-lhe popularidade no seio dos amigos. Altruísta e despegado de interesses pessoais materiais, tem um elevado sentido de responsabilidade essencialmente virado para o trabalho.
Consideram-no comunista, o que o deixa muito orgulhoso e mais responsável e com mais vontade e determinação para continuar a ser ele próprio e procurar que os outros partilhem e participem das suas ideias e do seu modo de perspectivar a vida.
Ela foi, mais tarde, colaborar com ele naquela missão, integrada numa equipa multidisciplinar.
Embora colaborando de perto, ele não tinha ainda reparado nela, como fez então. O que teria mudado? Ele, certamente, porque ela se encontrava com a maior naturalidade, sem qualquer produção. Com certeza que o vazio que voltara a sentir na sua vida sentimental e a predisposição que começava a sentir para novamente se apaixonar terão contribuído para a olhar com outros olhos.
Passados uns dias convidou-a para jantar. Embora estranhando o convite, ela aceitou. Depois do jantar deram uma volta de carro, separando-se depois de ele lhe ter agradecido o facto de ela ter aceite o seu convite.
O encontro decorreu num misto de simpatia e cordialidade e alguma tensão, que resulta sempre da sua timidez, que o leva a ter dificuldade em avançar tanto quanto deseja, com receio da reacção não ser a desejada e, em consequência, sentir-se ridículo, que é o seu maior medo, que procura ultrapassar falando abertamente de assuntos geralmente considerados tabus - sentimentos mais íntimos, sexo, relações pessoais, designadamente entre homens e mulheres.
Depois deste primeiro encontro muitos outros se seguiram. A princípio espaçadamente e depois com alguma regularidade.
Falavam de tudo – do trabalho, da vida naquela Terra, das pessoas e das suas circunstâncias, e, fundamentalmente, deles. Foram-se abrindo cada vez mais. Mais ele do que ela, que sempre se manteve mais reservada.
Uma noite, pouco tempo depois de terem começado a sair juntos, ao apreciarem o reflexo da lua no espelho de água daquela albufeira, ele afirmou, com nervosismo:
- Quero dizer-lhe uma coisa – cada vez sinto que gosto mais de si; começo a ficar apanhado; sinto-me cada vez mais disponível e com mais vontade de me voltar a apaixonar; acho que isso já começou a acontecer e não sinto vontade e acho que já não sou capaz, de parar. Se ainda não sente nada de especial por mim e se não quer envolver-se comigo, é tempo de parar e fugir de mim. Eu já não sou capaz nem quero que isso aconteça.
Ela, apanhada de surpresa com aquela declaração, teve dificuldade em reagir, procurando desvalorizar os sentimentos manifestados por ele, dizendo que não era possível estar a acontecer o que ele dizia porque mal se conheciam ainda. E lá foram jantar, interrompendo cautelosamente a conversa que os estava a perturbar.
Embora tivessem estado um período maior sem saírem juntos, depois daquela conversa, não pararam.
Ela não deu a devida atenção ao que o Zé lhe dissera, em especial ao aviso que ele lhe fizera. Talvez porque achava muito interessantes e enriquecedoras as conversas que tinham, ou talvez porque, como dizia, embora o achasse charmoso, pensava que nada mais haveria entre eles do que a bonita amizade que nascera e florescia rapidamente. Ou, talvez ainda, porque admitia poder retomar um namoro que, mais uma vez, interrompera há algum tempo.
O certo é que o relacionamento entre eles foi ficando cada vez mais íntimo, ao ponto de ela afirmar que nunca falara tão abertamente de coisas tão pessoais e íntimas como o fazia com ele. Íntimo e dependente. Cada vez mais sentiam mais vontade de estarem juntos, de pensarem coisas juntos, de se conhecerem melhor e, quanto melhor se conheciam, mais íntimos iam ficando.
Naturalmente, até porque tomou mais cedo consciência do que se estava a passar, não se sentia capaz de impedir o desabrochar de sentimentos nem tinha vontade de travar a sua expressão, as coisas nele evoluíam mais depressa. E, por isso, ia puxando por ela, que, mais reservada e duvidosa, ia resistindo cada vez com menos firmeza.
Não percebia ela o que estava a acontecer, achava-se suficientemente segura de ser capaz de controlar a situação, ou, lá no seu íntimo, agradava-lhe o que se estava a passar e desejava que as coisas evoluíssem como estava a acontecer? Será que ela sabia? Não seriam já as contradições, tão frequentes nela, que se manifestavam?
Ele é desconcertante, por vezes fala ou tem atitudes que ninguém esperava nele. É muito curioso, autodidacta e estudioso. Procura explicações teóricas para as suas experiências de vida. Gosta e procura compreender o que se vai passando consigo. Foi isso que o levou, a partir de certa altura, a escrever o que sentia por ela, como via a relação que mantinham e o que desejava dela.

publicado por jmartinsdocabo às 19:01
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